Lindos e lindas!

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Válvula de escape




Eu não tenho uma válvula de escape. Eu não corro para os braços de alguém. Não me encho de salgadinhos fritos e cerveja até esquecer o que aconteceu ou até chegar uma dor de cabeça junto da culpa. Eu não saio para espairecer a cabeça.
Eu não desabafo com todo mundo que eu conheço. Prefiro desconhecidos para isso. Sim, desconhecidos. Posso gritar no meio de uma cidade que nunca mais vou voltar, vão me achar estranha, mas e daí?! Terei me expressado e ninguém me verá mais mesmo. A menos que haja alguém filmando e coloque na internet, ai não será legal. Mas é um risco não é?
Essa seria uma boa alternativa para mim agora, alias, a única que consigo pensar. Mas não vai dar certo. Estou na minha casa, tenho vizinhos que encontro pela rua quase todos os dias, e eles não precisam de mais motivos para me olhar torto.
Eu não tenho para onde fugir e minha imaginação de lugares loucos esta se esgotando rapidamente.
Fechar os olhos e pensar, pensar, pensar... Isso ajuda no começo, as ideias vem, os motivos vem, as vontades vem. Mas depois de um tempo, seu cabelo esta curto, suas unhas coloridas, sua agenda esta repleta de palavras fortes e sentimentos... as vezes depois de tudo isso, o que resta é sentar e esperar. Pensar mais um pouco e esperar lentamente o mundo te dar um brecha para você escapar de tudo e começar de novo. Eu não tenho essa brecha do mundo, talvez porque eu realmente não a esteja desejando no meu intimo. Mas a preciso nesse momento, preciso de dores fortes no meu coração para o tempo curar e de um pouco de abraço para me aquecer. Preciso olhar pessoas que nunca vão parar para uma prosa no meio da rua por estarem com pressa demais, problemas demais. Preciso fazer o caminho que a chuva carrega nas costas e preciso esconder melhor o que me faz perder um pouco a paciência.
Eu não tenho uma medida na vida.
Não sei realmente o que me acalma, mas sei intrigantemente o que me enlouquece.
Eu não sou assim o tempo inteiro, mas preciso de um botão vermelho e fácil, com letras maiúsculas e uma flecha apontando e dizendo: É por aqui. Aperto o botão e pronto, vejo uma porta se abrir no escuro e vejo uma luz, num lugar novo mas nada distante do que eu vivo. Algo que seja dentro do meu coração, mas sem manual de intrusões, depois de um botão, o manual já deixaria tudo fácil demais.


Talvez, eu nunca fuja desse jeito.

Raquel Lauer

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