Lindos e lindas!

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Dias que me esqueço




São dias assim, dias exatos e exatamente assim, que me fazem esquecer de minha própria existência.

Não como algo ruim.

As coisas inevitavelmente mudam. O tempo inteiro e totalmente.
A raiva se transforma em confusão, em amor e em vontade de matar um travesseiro.
Muitas coisas passam por aqui e passam por mim, aquela vontade de fazer o mundo desaparecer e sair procurando como uma curiosa mania de brincar de esconde-esconde fica.
Não me submeto a muitas perguntas, mas procuro sempre as respostas. Do que? Eu não sei. Simplesmente assim, eu não sei.

Largar tudo e... largar algo que não esta veridicamente comigo? Sim, da vontade. Largar o mundo que esta nas minhas costas, não nas minhas mãos, e largar o chão que me segura, não o que me sustenta. Tem diferença, um chão me prende, o outro me solta.

Eu ando e ando parando por ai. Descubro cada vez mais que realmente não sou apenas uma. Descubro que não sou tão poética quanto uma dor e descubro que a nudez do corpo é até mais fácil que a nudez do espirito.

Não saio por ai sem roupa e sem resposta.

Eu me perco a cada passo, mas vou achando coisas e pessoas pelo caminho. Coisas que me inspiram, pessoas que me inundam de esperança e no entanto não sabem que eu estou ali.
Esses dias que andam passando, não estão passando.
É como se fosse uma ilusão, uma continuação de novela mexicana, como se um drink durasse vários capítulos e a musica intensificasse tudo.

Nossa! Eu quero tantas coisas e no entanto, hum, no entanto! E no entanto espero que sumindo eu apareça em cima de uma nuvem, balançando os pés esperando derrubar meus sapatos numa praia deserta, cheia apenas com pedras e vento.

Eu não vejo o invisível, talvez eu não o sinta também - nem sempre.

Eu não bato na porta, mas entro na indecisão e na descrença sem lógica. Sim, para mim a fé é a única coisa real que existe  um ser humano.
A fé sobre qualquer coisa, a questão de acreditar me fascina, me excita.

Mas a coragem nem sempre. Os lugares não são certos, então a coragem sem conhecimento pode ser perigosa, enlouquecedora. Completamente enlouquecedora.

Os dias são assim também, enlouquecedores. O ponto certo é sempre o mais desequilibrado possível, e que graça teria tudo sem um pouco de loucura?

Graça? A vida é de graça mas se paga o tempo inteiro por ela.
Paga e pega o troco. Se engana. Eu me confundo e erro e me entrego.
Como uma prisão a vida esta lá, inalcançável e nas nossas mãos.

Mãos que se atam o dia todo em afazeres sem explicação, só para terem o gosto do descanso a noite.

Dias e noites que sentem a dor de serem esquecidos.

Como eu, ainda me esqueço.
E esqueço um pouco mais. Mais ainda do tempo que já me deixou para traz.

Raquel Lauer



sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Serei sua admiradora secreta


 

Quando o espelho se torna inimigo e os dias se passam como colchões velhos esperando ir para o lixão, sua vontade é que o mundo desapareça e te esqueça.

Eu não me esqueci de verdade - de você.

Ainda fiquei te olhando quando você não sabia mais o que era reflexo, fiquei esperando limpando cada fio de cabelo seu enquanto dormia escondendo a feição de dor com os braços magros, ainda te escrevo cartas que não vou te entregar com a minha assinatura.

Serei sua admiradora secreta.

Te darei pistas e te farei acordar num espanto quase que grotesco. Vou rir de encantos e sustos rápidos, mas serei sincera em cada palavra que escrever.
Farei corações pela sua casa, em seus espelhos e em folhas de papel, terá que passar dias limpando, assim como passei os dias fazendo essa arte. Não terá tempo para se afogar num balde sujo, cheio de água da chuva e de lágrimas.
Escreverei cartões que te façam suspirar tão profundamente que quase irá perder o folego e cair para trás.

Eu farei com que sonhe, e nunca tenha pesadelos.

Colocarei ursinhos de pelúcia na sua cama e te rodearei com musicas clássicas que te acalmem. Vou orar em segredo para que os anjos te acompanhem em suas aventuras enquanto se embala nos sonhos mais agradáveis e loucos.
Sua cama terá a macies das nuvens mais densas e macias, vou dormir em pregos para equilibrar o mundo.

Vou te observar só mais um pouco.

Com toda minha verdade, jamais te contarei quem sou. Vai me ver, estará do meu lado, mas não saberá que sou eu.
Quero ser uma desconhecida plainando sobre sua desordem, arrumando cada tranca quebrada, te deixando livre para fechar e abrir as portas e as janelas a hora que quiser.
Já vi que o fim do posso não é nem o começo de um desespero real, vi que talvez muitos que foram com o mundo e te deixaram para trás, fecharam os olhos e sonharam com isso. Não sabem que ficaram a quilômetros de distância de tudo, num fim tão longe que não mexem seu corpo nem para admirar um aceno de longe.

Não é só por você.

O amor que te comove, são os pés que correm e aceleram meu peito. Já passei por isso, não assim talvez pior. Na minha concepção, claro. Sei o que é passar pelas vidas sentindo-se morta e vulneravelmente imóvel. Deixar que nada tenha valor, deixar que os suspiros sejam choros apertados... Deixar-me enlouquecer foi bom para minha sanidade.
Digo com todas as letras, te ajudo por mim, porque o amor pode ser tão grande que não aguenta ver a dor e dá as costas. Mas pode ser tão doloroso que vê o sofrimento e se vê ali.

Sou eu, seu presente em meu passado.

Sou as cartas secretas embaixo do seu travesseiro e nas gavetas do armário.
Sou seu suspiro parado e seu maior embalo.

Sou quem te faz, pelo que seja um instante, querer continuar dormindo por mais cinco minutos, só para admirar os anjos e as estrelas dos sonhos.

Raquel Lauer

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Mais que uma sensação boa



Eu leio e releio aqueles textos simples que me fazem ver o mundo de um jeito melhor. Talvez rosa.
São textos longos que procuram ser compreendidos e lidos a todo instante.
Coisas tão únicas que carregam e sobram em si. Coisas que leio e repito na minha mente o tempo inteiro e quase sempre.

Sonhos que são realizados a cada palavra e a cada espaço também. Sorrisos que eu solto enquanto percorro o computador com suas frases bonitas. Lágrimas que eu seguro quando me comovo e sinto um nó na garganta esperando o final feliz no final da história. Ele sempre aparece e o nó acaba sumindo.

A lágrima sai e vem uma sensação boa.

São sensações compartilhadas com cada leitor, mas ao mesmo tempo, diferentes em cada pessoa.
Eu procuro esses textos, procuro livros e procuro mais histórias que me encham de não-sei-o-que-mas-me-faz-bem.

Gosto de saborear as palavras e as gravuras quando acompanham. Posso ficar por muito tempo olhando e olhando, achando os detalhes e procurando bagunças que me façam sentir parte de tudo.
Mas o que eu posso fazer?
Sou assim, e isso não é um defeito, gosto de ver histórias boas que me façam sentir leve quando só o que encontro em meus parágrafos são a verdade de uma vida que aprendeu a complicar tudo, do modo mais verdadeiro possível!

Como poderia?
Sim, sou um conflito em construção, quebrando tijolos e reconstruindo o tempo todo para que nunca me falte uma barreira para que eu possa escorar de vez em quando.

Eu sei, amo a leitura que me leva de tudo, para eu aprender como as coisas são, poderiam ser e como pode ser simples e complicado ao mesmo tempo, tudo o que somos e sentimos.
Eu vou continuar procurando textos escondidos por aí, como tesouros que quase ninguém viu o valor, e vou continuar franzindo minha testa para muitas questões que não se encaixam no decorrer de uma leitura aconchegante.

Fechar os olhos depois de tudo e soltar aquele sorriso leve enquanto a cadeira serve de nuvem, só me prova cada vez mais que cada letra de uma palavra, se junta em harmonia para nos fazer aprender a ser feliz do jeito que dá.

É mais que um mero sentimento, eu sei disso.

Raquel Lauer

Sentindo




Sempre me entrego a devaneios
Se entregar em sorteios
Quem vai ganhar?
Eu leio e ainda assim não compreendo
Entender pra que?
Simplesmente vou vivendo
Vai chegar o dia, a hora vai passar
Vou dividir as cores e o sol vai brilhar
Vou ver tudo e como esta
E em dias assim, vou me declarar
Pois esperar é um dom
Aceito por poucos
Uma grande doação, um sonho
Acelerado por loucos
Sei onde estou
E para quem rezo
Sei quem ficou
E quem eu prezo
Espero poder entender cada palavra
E chegar ao final feliz
No meio da estrada

Raquel Lauer

Sonhar nunca é demais




As pessoas sempre esperam mais. Isso é uma coisa. Coisa muitas vezes boa, outras vezes, ruim.
Esperar é como se fosse uma rua reta, com passos leves e desconfiados. Um tropeço e cai para o lado do precipício, um sopro mais forte e cai a rua inteira. Na chegada, se chegar lá, terá apenas uma placa que pode dizer: "Valeu a pena esperar!", "Continue... Quem sabe." e "Não, não dá mais, vire a esquerda."
As coisas são assim. esperar esta completamente ligado a ter esperança. A acreditar que pode ser melhor algo que não esta indo tão bem. Algo que nem existe e você fantasiou te faz ter esperança. Tola, simples e bonita esperança.
Partir do zero, quem sabe te faz lutar mais e não desistir do nada. Aquelas pessoas que vão te jogando palavras negativas, como facas pontudas em sua direção, tentando atingir o peito, o coração e a sanidade. Alguns tentam te jogar terra cheia de sementes, para te plantar desanimo e desconfiança. Vale a pena? Se esquivar não é fácil, mas é sobrevivência. O tempo não espera, enquanto todos vão ficando para traz, você vai seguindo, torcendo para que seus sonhos sejam projetos, que seus projetos sejam colocados em pratica, e que a pratica leve ao sucesso!
Tudo isso porque esperou.
Sábio também é quem espera de si aquilo que sabe que pode dar sempre mais que o suor e as noites sem dormir, é aquele que pode dar os sonhos e a imaginação também.
Não vale a pena exigir das pessoas o que você deseja que elas façam. Cada um tem sua rua estreita, e cada um as segue se quiser.
É ruim correr por alguém, ficar com dores no corpo inteiro, carregar a pessoa no colo e quando se cansa, fala para ela caminhar com você e vê ela indo na direção contraria. Esse é o lado ruim.
Mas isso passa. As feridas fecham, o tempo te faz esquecer e seu corpo descansa.
Mas tudo isso, tudo que eu posso dizer e que eu estou tentando dizer é que, se quer algo para si, espere por si. Não se engane com os mapas mal escritos, e siga os sonhos, mesmo que essa esperança pareça pouco agora, é como se fosse uma coleção, e a cada tombo e conquista, será uma medalha que você vai reconhecer quando chegar lá.
Lá aonde só você sabe.

Raquel Lauer

domingo, 11 de agosto de 2013

Dia dos pais



Hoje é domingo, dia dos pais. Até aí, isso todos sabem.
Mas vejo pessoas comemorando felizes e pessoas que se lembram dos pais que já não estão por aqui.
Vejo também pessoas indiferentes, como se hoje fosse apenas um domingo, sem data comemorativa.
Eu, tenho meu pai vivo aqui comigo, ele as vezes prefere ver televisão do que conversar, mas quem, de verdade, em alguma hora não prefere?! O fim do filme, a continuação do seriado, o ultimo capitulo da novela...
São defeitos e qualidades que vou convivendo e aprendendo a entender com o tempo.
O dia dos pais não torna tudo perfeito e os erros esquecidos, mas deixa com que o sentimento de valor ao pai, seja reconhecido, mesmo que sem palavras e sem cartão especial.
O que ficou quando criança, volta. O que ganhou de presente quando foi o aniversário, o bom dia que recebeu, vai fazendo o sentido que deve.
Isso de estimar um dia demais, não combina comigo, a algum tempo, espero que essas datas não cheguem. Eu sei que isso não vai acontecer, mas acredito que o vinculo familiar que temos, tem que estar presente em todos os detalhes dentro de uma casa.
Meu pai me criou, me deu carona, me viu chorar, e isso nunca precisou de data certa para acontecer.
Ele me fez especial, sem um dia especial. Na verdade, ele nunca ligou para datas, eu acho.
Acho que nunca se importou porque não abre sorriso quando ganha um feliz alguma coisa, ou um parabéns pela tal coisa.
Fico bem com isso na maior parte do tempo, mas os cartazes e placas na internet e na rua dizem que não posso ser feliz a menos que eu de um super mega carro pro meu pai, um perfume, um cartão com glitter e ele esteja plenamente bem com um sorriso no rosto abraçando a família toda num ritual carente de atenção uma única vez no ano.
Eu não concordo com isso, ter um dia que te homenageia é legal e até pode ser divertido e carinhoso, mas fazer mais do que pode pelo sentido do ver e não do sentir, não faz muito sentido para mim.
Na verdade, expor a esse ponto meus delírios cotidianos não é muito conveniente, admito, não dou tanta importância a isso também.
Amo meu pai e sei que meu pais amaram seu pais, mas isso não é motivo para eu querer que meu pai seja algo que não é e levante pulando do sofá me abraçando e me fazendo cafuné.
Esta data também não me faz mudar e ficar de bom humor e sair plantando flores em vasos novos pela casa.
O dia dos pais é brilhante por si, não pela sua propaganda os pelos pontos de exclamação no fim das frases curtas.

Raquel Lauer

Decencia vulnerável




Aquela era uma família simples. Havia um teto em suas cabeças e poucas palavras em suas bocas.
Ficavam sobre suas patas, esperando um oi de qualquer que fosse o lado das paredes. Mas o dialogo vinha tão rápido quanto se ia embora.
Todos eram muito carentes e muito confusos para admitirem isso. Um sem o outro era algo. Um com o outro era uma coisa.
Eles não sabiam mais do que viam. Não viam o sol, não sabiam realmente o que era luz. Não viam a lua, não sabiam realmente o que era brilho.
As crianças não viam gravuras e desenhos, não sabiam imaginar.
Ficavam como gente adulta, quietas, em silêncio, esperando que algo mudasse, e que viesse do teto, pois não se moviam para isso.
A rua era perigosa e pararam de se atrever. O homem em seu calçado de solado baixo ia se esgueirando pelos cantos da estrada a procura de emprego braçal. Podia cortar lenha recolher o lixo se pedissem. Mas não podia escrever e nem fazer contas.
Era longe de tudo onde se mantinham quase seguros. Não se protegiam da sua loucura, por isso o quase era inevitável.
Comida era algo sem prazer, algo que se ia numa tigela e alimentava. Pelo menos tinham, quando tinha. Bebiam água de torneira, a única que estava na casa, pairava sobre uma pia bagunçada e pequena. Dali vinha a saciedade e o lado humano.
Talvez por não conhecerem outra vida, eles tenham sido felizes assim.
Sem saber abraçar, sem saber o que é alguma coisa além daquilo. Não os poderia julgar grandes perdedores, pois eram apenas pequenos seres procurando jamais serem descobertos.

Pelo o que nem eles saberiam dizer.

Raquel Lauer

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Nessa noite

Eu sempre escrevi como algo que me deixasse plenamente feliz. Algo invulnerável, um sentimento que percorrendo o papel, se torna imutável, verdadeiro, perfeito. Como se cada pensamento fosse se perdendo a cada segundo, mas fosse se achando a cada palavra. Fasso isso por satisfação, confusão e plenitude, nunca esperando algo a mais além da leveza das palavras e do peso que elas carregam.




Deixe a mente se abrir
Nessa noite, nessas estrelas
Eu agia sem avarezas

Deixe sempre chegar, pra nunca deixar de amar
Vem na minha, vem de surpresa

Percorrendo o silencio
Estudando os movimentos
No escuro estou te vendo
Quase sempre por aí
Procurando onde ir, quero te fazer sorrir

Não tente me escapar
Tenho muito a te falar
Posso ir até ai, na sua porta vou dormir
Hoje tenho todo tempo
Mas não quero te ouvir

Deixe a mente se abrir
Nessa noite, nessas estrelas
Eu agia sem avarezas

Deixe sempre chegar, pra nunca deixar de amar
Vem na minha, vem de surpresa

Qualquer hora eu te ligo
E te falo o que eu quero
Então pode vir comigo
Nessa hora eu te espero
O que sinto é infinito e te juro que não minto

E quando aquilo existir
Quero te fazer sorrir
Não querendo te ouvir
Descobri o que senti
Isso basta para mim

Deixe a mente se abrir
Nessa noite, nessas estrelas
Eu agia sem avarezas

Deixe sempre chegar, pra nunca deixar de amar
Vem na minha, vem de surpresa

Raquel Lauer

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Café bar




Ela ficou esperando por ele a tarde inteira, ele ficou com amigos e não se importou. Ela deixou o café esfriar depois de apenas um gole e um suspiro. Sabia que era o começo de um fim sem explicação. Se sentia guardada numa gaveta, sem luz, sem ar, sem presença.
Ele não ligava, quem sabe realmente só estava voltando ao seu normal. Não se esforçava e ainda não faz isso. Ela, por outro lado, mandava mensagens e escrevia cartas de amor com poemas bregas e cheiro de perfume.
Mas eu digo de fora, e digo com calma, é assim. Quando um ama demais, o outro se assusta por não amar tão cegamente.
Eles eram felizes, eles andavam na rua como um casal quase que infinito. Acabou.
Ela sabia que isso ia acontecer, ela não conseguiu segurar a língua e disse: Eu te amo.
Sim, ela o amava. Hoje, sente medo sozinha num café bar.
Ele também a amava, mas amava mais um monte de outras garotas, ela não sabia disso, mas no fundo, sentia dor no peito.
Era especial, mas uma garota boa não muda um bad boy só com boas intenções.
Ela não sabia bem disso até seu relacionamento terminar por amar demais.
Sabia que tudo que viveram, foi especial, especial demais para ser apenas aparência. Mas agora, sentada ali pensava em quantas vezes caiu num conto de fadas e saiu do buraco, só para achar um precipício maior.
Uma mensagem, agora chega uma mensagem dizendo apenas: Não dá mais, não vai rolar.
Afinal, o que ele quis dizer com isso? O que ele não quis... Na verdade essas perguntas tolas, todas elas já tinham respostas, admitir que isso era mundano demais, seria pequeno demais.
Guardar o tempo e seguir em frente, vale mais do que guardar uma mesa e um café frio.
E disso, ela já sabia, quando a hora ainda passava e copo guardava o café quente.

Raquel Lauer

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

(S)Em segredos



Eu não tenho uma caixa, um relicário escondido, escondendo meus sonhos.
Eu não tenho um diário cheio de segredos e palavras secretas.
Eu não tenho um melhor amigo que guarda tudo que eu conto, nem uma melhor amiga que conta tudo que eu tento esconder.
Eu não tenho um esconderijo e nem um mapa mundial com lugares marcados por onde quero viajar.
O máximo que tenho é uma sacola plástica com compras de farmácia em cima da mesa, esperando ir para gaveta do banheiro. Um bolo de limão assando no forno e uma conversa com as paredes.
Nenhum segredo de verdade.
Eu já errei e já me embriaguei. Já surtei e já escutei por horas histórias que talvez nunca saiam do meu consciente.
Já fiz compras de coisas que eu não precisava e deixei de comprar um sapato confortável por causa disso.
Eu não tenho que falar baixo, nem esperar alguém me ligar.
Não tenho que dar satisfação para satisfazer uma pessoa especial.
Eu não tenho projetos grandes para minha vida, mesmo tendo sonhos gigantes.

Dizem por ai que sempre temos algo a esconder, algo para se envergonhar.
Dizem que temos que saber guardar segredo e ser pessoas corretas.
Afinal, o que é ser correto?
Nunca errar? Ou esconder os erros?
Esconder bem, muito bem...
Se for isso, sou muito errada, o tempo todo.
Se eu fiz, porque dizer que não?
A partir do momento que se tem vergonha daquilo que faz, porque faz?
Se os fins realmente justificam os caminhos percorridos, então não faz mal falar sobre esses meios.
Se estourar e brigar é erado, então nunca existirá alguém certo. As pessoas perdem a linha, a paciência, e isso não é errado.
A visão sobre o erro esta em cada um.

E eu não tenho o porque não acreditar nisso.

Raquel Lauer

Ele e eu. Duas pessoas




Ele me fez crescer, ele me fez desacreditar dos contos de fada.
Ele me disse que Papai Noel não existe.
Ele me deu presentes, abraços e beijos, e depois me deixou chorar sozinha, no escuro do meu quarto.
Ele me fez erguer a cabeça e aprender a passar reto.
Ele me ensinou o que é o sorriso amarelo.
Ele fez parte da minha vida. Fez.
E eu não tento mais fazer parte da vida dele. Não mais.
Ele me inspirou em segredo, e eu aceitei.
Ele não sabe mais sobre mim, talvez saiba nada sobre mim. Nem meu nome. Talvez ele não pense nisso.
E eu ainda lembro dele, e derrubo lágrimas na cama que quase furam o colchão. É choro de dor.
Mas eu e ele, o nós já é história.
Claro, nunca um conto especial, só uma história.

Hoje somos realmente duas pessoas.
Mas eu acho que ele se considera milhões
E eu, estou realmente sozinha.

Mergulhada em exageros e esquecimentos.

Raquel Lauer

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Clichês




As passagens clichês da vida, são inevitáveis. Sim, sempre.
Aquela novela que todos acompanham e amam, menos você.
A roupa da moda que você não tira do corpo.
O sofrimento por um amor que foi embora.
A dor no joelho quando cai da bicicleta - esta bem, nem todos aprendem a andar de bicicleta, eu sou um exemplo, mas a maioria das pessoas sim.
Daí surge aquela nostalgia melada e sorridente implorando pelas coincidências numa conversa casual e necessária. Existem muitas delas.
As aulas de ballet, judô, piano, desenho ou qualquer outra que sua mãe tenha te inscrito quando criança. Aquela professora de português que todos os alunos adoravam e a de matemática que tinha um apelido engraçado.
O primeiro beijo, a chuva que estragou o penteado da festa.
Quem nunca perdeu dinheiro do bolso? Ou não ouviu um conselho da mão e se deu mal?
Sim, que clichê! Todos passamos pela fase da revolta, do exagero, da felicidade, e sabe de uma coisa? Ainda estão todos inteiros pelo que eu vejo. Um arranhado aqui, uma cicatriz e uma dor no peito, mas todos ainda lutando, de pé e vencendo para mais um pouco de monotonia e alegria!
Somos assim, e não podemos evitar. Se não nos encaixamos num quebra cabeça, não significa que somos estranhos. Significa que somos diferentes.
Mas isso é bom?
Sim!!! Não conheço outra forma de existência além da vida. Não sei sobrevoar casas e plainar no céu. Não respiro de baixo da água e não tenho uma piscina na minha casa. Mas tudo isso não me faz falta, e eu não quero. Por que? Por que nunca tive, não tem como me fazer falta alguma. Esta bem, quem sabe uma piscina um dia, mas algo que realmente ninguém tem ou faz, não faz diferença.
É ser clichê, que nos faz ser pessoas um pouco mais compatíveis umas com as outras, um pouco mais tolerantes as vezes.
Temos todos um ditado, um livro ou uma musica que sentimos como propriedade nossa. Empatia talvez do escritor, cantor... Mas mais provável que seja vivência.
O mundo é grande demais para reinventarmos tudo, mas pequeno demais para não ser tão obvio.
Isso pode até ser batido, mas é assim, porque somos todos diferentemente, iguais.

Raquel Lauer

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Compartilhando ideias




As vezes nós assistimos seriados nos colocando dentro da televisão.
Nos colocamos dentro da música, dos filmes...
Mas na vida dos outros, ah, isso é difícil!
Entender algo real é muito complicado, eu admito.
Mas parar de atravessar a rua quando vê uma pessoa sentada no chão,
parar de julgar por causa de uma roupa velha, curta ou amassada,
parar de falar mal daquela pessoa que antes era sua única amiga...
Isso sim é se colocar. Fechar a boca e parecer menos, não mais.
Colocar seu sapato que não usa mais nos pés descalços de alguém que você nunca tinha visto antes.
Não sou a melhor pessoa desse mundo, nem chego perto disso, eu sei!
Mas um pouco menos, faz mais por mim.
Um pouco mais para alguém, faz mais por mim.
Falar pouco sobre o nosso mundo, e deixar o mundo descrever um pouco quem a gente é.
Aceitar a briga e deixar para lá, rejeitar uma briga e deixar para lá.
Não olhar de canto e se pôr de frente.
Ficar ali segurando as palavras, mesmo que estejam certas ou erradas...
Se coloque. Se sinta inteiramente como o vento.
Livre para estar onde quiser.
As vezes nos esquecemos do que realmente é importante, mas não apenas para nós, para quem esta ao nosso redor, e para quem não esta também.
O conforto de jogar um papel de bala no chão da rua, não vai evitar que a enchente venha se você fizer isso e mais milhares fizerem também.
Cada um tem um conforto e um ideal diferente, mas alguns não tem conforto e só o ideal enlouquece.

Raquel Lauer

Pra te encontrar





Queria ver, um dia do seu jeito
Queria sentir de novo o seu beijo
E eternamente, sentir que seu amor é meu
Que na sua mente, o melhor pra você sou eu

Só quando te encontrar poderei falar
Que o que eu quero é fogo
Só quando te ver poderei te dizer
Que o que eu quero é te ter de novo

Quando cruzarei a mesma esquina que ti
Quando te amei, ao encontro mais do que hoje eu vi
Estou esquecendo do tempo, inseguro tempo
Ao encontro do nosso certo ponto

E vai, esquece tudo que viveu
Para que não aconteça o que já aconteceu
Não deixe morrer, não deixe o que morreu, de mal, reviver
Sobrevoe o ar ao ponto de me encontrar
Não deixe de viver e não me deixe morrer

Ao meu encontro não quero que feche o tempo
Não quero que acabe o conto


Só quando te encontrar poderei falar
Que o que eu quero é fogo
Só quando te ver poderei te dizer
Que o que eu quero é te ter de novo

Não minta para mim, fala que o fim não é assim
Que nem existe, e o som não emite
Enquanto fala do ruim, não é verdade
E só o olhar transparece realidade


Só quando te encontrar poderei falar
Que o que eu quero é fogo
Só quando te ver poderei te dizer
Que o que eu quero é te ter de novo

Raquel Lauer