Lindos e lindas!

quarta-feira, 31 de julho de 2013

Histórias que ficaram para trás




Eu achei fácil naquela época, ir pelo caminho mais difícil. Pulei ideias e encurtei fases.
Passei pela mesma situação várias vezes, sem nem perceber as vezes que era a mesma coisa.
Camuflei e me deixei ser superficial e desatenta.
Não sabia, mas enquanto achava que estava ganhando tempo, estava desperdiçando mesmo.
Eu deixei dias importantes passar como dias qualquer. Eu deixei que pessoas desinteressantes fizessem de mim uma luz, apagada. Eu não os culpo, eu deixei que apagada.
Não coloquei vestido de formatura nem usei uniforme em todos os dias letivos. Não fui rainha de nada, mas por algum tempo, roubei e entrelacei olhares.
Não foi de todo mal. Não sabia o que era ou o que queria. Hoje eu vejo que muitos não sabiam e muitos ainda vão cair na mesma armadilha. São tão inocentes. Se um dia descobrirem a verdade, ah, a verdade! Espero que não culpem o mundo por isso.
Eu desperdicei e nem sempre isso foi ruim.
Esqueci de me admirar no espelho e de me orgulhar de uma nota azul.
Eu me esqueci de muita coisa, mas hoje eu me lembro aos poucos.
Eu sei que meu sentimento de culpa ou de prazer não vão trazer aqueles incríveis anos passados de volta, para realmente serem incríveis de serem lembrados.
Tantas vezes isso me ensinou do modo mais difícil - e longo - que a melhor coisa que eu posso esperar na vida, é o próprio presente que eu embrulhei e mandei por correio para mim.
Mesmo que eu não lembre o que foi quando chegar, nunca vai ser tão ruim ao ponto de eu não poder, ao menos, guardar o cartão que me deseja boa sorte.

Raquel Lauer

sábado, 27 de julho de 2013

Desencontro




Ela assiste a filmes de comédia romântica e insiste que seu amor verdadeiro vai chegar a qualquer momento enquanto ela bebe seu café numa lanchonete qualquer, em um dia qualquer.
Ele acredita que depois de um dia, simplesmente vem outro, é pratico e não se importa com o amanhã.

Ela não quer acreditar em outra realidade.
Ele não acredita que existe outra realidade.

Estão enganados, mas disso, você já percebeu.

Eles se esbarram realmente num café. Ele vive esse conto e ela conta encontrar com ele novamente.
Mas não. O que ela não esperava era que ele não voltaria lá. Não veria aqueles olhos. Ela não lembra a cor, mas lembra que são lindos.
Ela caiu na real, sabe agora que momentos são perversos, únicos e perfeitos.
Ele não sabe de nada, não se lembra dela, mas caiu no encanto de uma moça, que é tão igual ao que ele é, que o fez mudar de ideia completamente.

E a vida mudou, e a vida esta indo em frente, num vicioso tempo em que os sonhos mudam a cada minuto e que a cor dos olhos já não interfere tanto quanto o número do telefone.

Neste momento, ela tem nenhum dos dois...

Raquel Lauer

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Válvula de escape




Eu não tenho uma válvula de escape. Eu não corro para os braços de alguém. Não me encho de salgadinhos fritos e cerveja até esquecer o que aconteceu ou até chegar uma dor de cabeça junto da culpa. Eu não saio para espairecer a cabeça.
Eu não desabafo com todo mundo que eu conheço. Prefiro desconhecidos para isso. Sim, desconhecidos. Posso gritar no meio de uma cidade que nunca mais vou voltar, vão me achar estranha, mas e daí?! Terei me expressado e ninguém me verá mais mesmo. A menos que haja alguém filmando e coloque na internet, ai não será legal. Mas é um risco não é?
Essa seria uma boa alternativa para mim agora, alias, a única que consigo pensar. Mas não vai dar certo. Estou na minha casa, tenho vizinhos que encontro pela rua quase todos os dias, e eles não precisam de mais motivos para me olhar torto.
Eu não tenho para onde fugir e minha imaginação de lugares loucos esta se esgotando rapidamente.
Fechar os olhos e pensar, pensar, pensar... Isso ajuda no começo, as ideias vem, os motivos vem, as vontades vem. Mas depois de um tempo, seu cabelo esta curto, suas unhas coloridas, sua agenda esta repleta de palavras fortes e sentimentos... as vezes depois de tudo isso, o que resta é sentar e esperar. Pensar mais um pouco e esperar lentamente o mundo te dar um brecha para você escapar de tudo e começar de novo. Eu não tenho essa brecha do mundo, talvez porque eu realmente não a esteja desejando no meu intimo. Mas a preciso nesse momento, preciso de dores fortes no meu coração para o tempo curar e de um pouco de abraço para me aquecer. Preciso olhar pessoas que nunca vão parar para uma prosa no meio da rua por estarem com pressa demais, problemas demais. Preciso fazer o caminho que a chuva carrega nas costas e preciso esconder melhor o que me faz perder um pouco a paciência.
Eu não tenho uma medida na vida.
Não sei realmente o que me acalma, mas sei intrigantemente o que me enlouquece.
Eu não sou assim o tempo inteiro, mas preciso de um botão vermelho e fácil, com letras maiúsculas e uma flecha apontando e dizendo: É por aqui. Aperto o botão e pronto, vejo uma porta se abrir no escuro e vejo uma luz, num lugar novo mas nada distante do que eu vivo. Algo que seja dentro do meu coração, mas sem manual de intrusões, depois de um botão, o manual já deixaria tudo fácil demais.


Talvez, eu nunca fuja desse jeito.

Raquel Lauer

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Sonhando por três






Sonhando por três

Ela acordou cedo e foi trabalhar. Tinha esperanças demais consigo, mas dois filhos no banco de trás do carro e um canalha que sumiu e nem se sabe mais seu nome.
Ela tinha um sonho, agora tem dois. Um menino e uma menina para ser exato.
Agora lutava sozinha e sonhava sozinha, levando e trazendo da creche, esperando a madrugada para chorar e sorrir sem ninguém ouvir.
Ela era aquilo, e um pouco mais.
Ela sofria, mas sofria mais por ele, que jamais sentiria o cheiro frio do amanhecer encantar o sorriso de seus filhos até começarem a pular pelo simples bom dia que jogava ao vento enquanto preparava o café da manhã e colocava o salto alto.
Ela sentia pela incompreensão de seus colegas no trabalho e nos almoços em família. Fingia que não via.
Foi intensa e confusa.
Hoje luta para ter os pés no chão, um cheque no fim do mês, seu amontoado de projetos e de roupas sempre num canto - mesmo que bagunçados, e uma esperança inabalável.
Os encantos da vida sempre a encontram, a presenteiam, a surpreendem.

Sua luta esta apenas começando, e sabe disso a cada nova palavra inocente e bela sai da boca de seus filhos. A cada sorriso forçado lutando para não desabar, a cada ida ao mercado e a cada beijo de boa noite que não abre mão.

Sua luta é sua vitória, mas isso logo logo ela vai descobrindo aos poucos, sozinha.

Raquel Lauer

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Menina

Eu posso sair por ai cantarolando essas palavras e vou alegrar meu dia com a sensação de leveza que só um tom calmo e sereno pode me proporcionar(!).



Menina

Sentada na praça esperando você pensar
Sinto que não devo esperar
Por isso começo a dizer
Coisas que, eu quero fazer
Calo-me pra você

Menina, não sabe o que me faz
Te peço trégua e paz
Olha o que me faz
Você é tudo e ainda...
Menina, não sabe o que me faz
Te peço trégua e paz
Olha o que me faz
Você é tudo e ainda mais

De pé na esquina esperando você passar
Te sigo na rima e é onde você não esta
Saio da li e deixo rastro pra você seguir
Mas no caminho penso em desistir
Mas eu não consigo

Menina, não sabe o que me faz
Te peço trégua e paz
Olha o que me faz
Você é tudo e ainda...
Menina, não sabe o que me faz
Te peço trégua e paz
Olha o que me faz
Você é tudo e ainda mais

Você é tudo e ainda mais

Raquel Lauer

terça-feira, 23 de julho de 2013

Que diferença faz?!




O que interessa?
O jeito que eu falo ando ou me visto?
As bandas que eu escuto de verdade quando estou escondida debaixo das cobertas no meu quarto ou o quanto eu como quando admito não conseguir ficar de regime por mais de dois dias?
O que importa?
Quantas pessoas me cumprimentam na rua ou quantas ligações recebo no meu celular por dia?

Que diferença faz?
Qual a diferença que faz eu ter cabelo cumprido, curto ou sair por ai sorrindo para desconhecidos?
Isso me torna mais real ou simpática?
Na minha opinião, em nenhum deles.
Se eu quero comer uma porção enorme de batatas-fritas e não dividir com ninguém, não significa que eu sou egoísta. Significa que quero comer uma porção dessas sozinha mesmo. Nada mais.

O que muda?
Quando eu mudo e quando sou honesta comigo dizendo a verdade para as pessoas?
É tão ruim assim?
Deixar um pouco de lado o peso do mundo para viver a preguiça, a alegria sem motivo e o cabelo emaranhado?
Eu sei que não... Então porque será que é tão difícil ouvir um não, aceitar uma critica, uma opinião diferente, não discutir.

Então porque?
Corremos tanto contra a mesmice que damos a mão a ela e sorrimos seguindo em frente esperando que as pessoas vejam em nós aquilo que nem a gente enxerga sozinho.

Caindo na real...
Não quero ser uma esquisita de gaiola na cabeça que acredita em tudo o que lê nas revistas em quadrinhos e nos telejornais da vida.
Não quero me importar tanto com os olhares tortos que de vez em quando meu cabelo adquiri.
Não quero usar roupas da moda o tempo inteiro sabendo que mesmo que ela me agrade, nunca vai ser tão a minha cara quanto um casaco bege ou uma roupa toda de brilho que achei no guarda-roupa da minha mãe.
Quero poder sair por ai sendo gente normal o tempo inteiro e misturar quem eu sou com a paisagem que o mundo é.
Quero fazer parte de tudo, mas não quero me entregar a tudo.
Eu tenho preguiça de incomodar meus pensamentos as vezes e de escolher o colar certo. Eu tenho autonomia sobre mim.
Eu quero parar de pensar que só vou ser legal quando fazer parte deste ou daquele grupo - que nem conhece - ou quando perder trinta quilos e ganhar na loteria.
Eu sou assim, e o que realmente importa?
Minhas mudanças mudam, minhas opiniões mudam, minha direção talvez seja a mesma,
mas o que importa é que sei que, se o que me faz feliz é ficar de pijama o tempo inteiro ouvindo musica antiga e comendo pizza amanhecida, é isto o que vou fazer!

Quem liga mesmo?!

Raquel Lauer

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Vontades


 


Nós podemos querer tantas coisas. Conquistar e não querer mais, e querer coisas novas e diferentes. Queremos mudar o cabelo, a roupa, queremos mudar os ares e os costumes alimentares. Queremos menos e queremos mais o tempo todo.

Eu queria. Eu quero.

Queria ter prestado mais atenção nos conselhos da minha mãe e queria ter ido em frente com o meu regime.
Quero prestar mais atenção nas pessoas e nas palavras e quero dar menos atenção nessas mesmas coisas.
Queria poder comer chocolate sem engordar - afinal, quem não quer!?
Quero tirar essa ideia de chocolate zero caloria da minha cabeça!

As pessoas são sempre assim, quando perdemos a imaginação, esse dom de sempre querer mais e ir atrás, com o que ficamos?
Esta sempre bom? Esta sempre tudo bem?

Todos almejam algo novo o tempo inteiro, mudando de opinião e aprendendo com novas escolhas.
Hoje eu posso querer sonhar e amanhã não.

Ontem eu queria sumir, hoje eu já superei.

Eu quero muito que as coisas sempre deem certo, não só para mim, mais desejo que todos em suas verdades e sonhos sejam felizes. Isso me faz lembrar de antes, que eu queria apenas ver as pessoas felizes, me colocando como segunda opção.
Hoje, o que mais quero é nunca mais querer isso.

Aprender a estar feliz é aceitar essas mudanças e objetivos que temos na vida.
O que uma criança quer de aniversário é só um brinquedo, agora, um adulto quer as vezes que apenas lembrem da data.
As mudanças vem para queremos sempre mais, sem deixar que nossos sonhos sejam toda nossa realidade.

Antes eu sonhava com um  lago de milk shake de morango - como eu queria um desses!
Não aconteceu, mas não deixei que meu mundo se acabasse por isso.
Claro, pode ser colocado ai um relacionamento que você queria que desse certo e não deu.
Hoje quer apenas superar.

Poderia ser, mas não é.

Poderia querer, mas não quis.

É sempre bom lutar pelo que queremos, sabendo sempre da nossa capacidade e aceitando os vários nãos que vamos receber no caminho.
É sempre bom aceitar nossas mudanças, deixando o que não queremos mais apenas como boas lembranças ou como boas lições.

O valor da vida esta em balancear o que vemos e o que podemos ver.
A noite e o dia que se separam e se unem, assim são as mudanças, uma sempre intercalando a outra, mesmo que sejam completamente diferentes.

Raquel Lauer